E esquecendo as coisas que para trás ficam prossigo para o alvo. (Fp 3;13)
Com muita ênfase andei pensando nas palavras do apóstolo Paulo, referente à sua caminhada a diante e avante, quando de forma impressionante ele enumera todas as coisas que não podem lhe afastar do amor de Deus, dentre elas estão o presente e o por vir, o apóstolo, porém não faz referência ao passado. Por quê? (Rm 8; 38-39)
Acredito ter entendido o que ele havia descoberto; as coisas do passado tinham o poder de detê-lo no avanço do que estava a sua frente e persuadi-lo a esquecer do amor de Deus, como alguém que lamenta miseravelmente as desgraças em sua vida, sentindo-se inalcançável pela graça e excluído da mesma.
Foi então que lamentei profundamente pelas pessoas que se prendem na triste clausura do passado, se lançando no vitimismo do qual foram protagonistas. Pensei nas que buscam respostas em seu presente, baseadas no que viveram, quando não procuram em seus antepassados a causa de suas cargas e a culpa pelas suas desgraças e falta de êxito.
Lamentável teologia que insiste em desmortificar, desenterrar o que já está pós-tumulo cuja atual inexistência não pode ter poder sobre o que está vivo em Cristo, visto que nova criatura é pela certeza de que as coisas velhas já passaram e eis que tudo se fez novo. (2Co 5;17)
Infelicidade que se instala no processo degenerativo da alma, provindo das lembranças constantes do que passou, entulhos da memória, em forma de saudade advinda de amores perdidos, relações mal acabadas, desencontros, e uma serie mais de emoções tais como decepções, angústia, opressões, castigos e culpas.
Adventos que exercem um poder totalmente diabólico e destrutivo da felicidade presente e futura, afinal não existe a menor chance de superação se as lembranças do passado se tornarem constantes, é uma covardia, é como travar uma luta e estabelecer uma briga impossível de ser vencida.
Tenho visto demônios se manifestarem através de insistentes tentativas de se abordar o passado. Vidas em potencial que se desgastam no presente ciclo vicioso de se fazer justiça pelo que já passou. O ventre da vingança é alimentando pelas lembranças mal resolvidas. O sofrimento só termina quando permitimos que o amor e o perdão divino manifeste a cura através da certeza do futuro que Ele tem preparado para as nossas vidas. (Jr 29;11)
Durante muito tempo eu dei testemunho de quem eu era, e muitas vezes aquilo tudo não era nada mais do que um fardo pesado a ser carregado. Até hoje as pessoas associam a minha imagem ao meu passado. Fardo que deixo pra trás sobre o alivio de caminhar na perspectiva de um futuro melhor traçado por ele pra mim: “eis que farei uma coisa nova” (Is 43;19)
Ele esta disposto a escrever uma nova historia em nossas vidas, mas para isso precisamos virar a pagina do que passou. Enxergar o passado como uma experiência e oportunidade para crescermos e progredirmos em direção ao seu propósito excelente.
Não vamos abrir feridas com o que passou, mas dar a Deus a oportunidade de curar o que ainda dói em nós pela manifestação do que é novo sendo gerado através do seu mover a cada dia. Assim ao invés de fazer destas feridas habitações de demônios, viveremos em louvor constante onde sua presença em nós será sempre plena, por sua graça e providência.
LANNA HOLDER